Nos bastidores da fé

Blog de crítica ao teísmo, em defesa do racionalismo e da ciência. Pretende abordar assuntos sob o tema "deus" e suas idiossincrasias.


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domingo, junho 27, 2004


Não sei qual texto poderia cair melhor nessas últimas discussões que rolam pelo blog do que esse aqui. É um texto muito bem escrito, de autoria de um amigo chamado Matheus. Como o texto é grande, vou separá-lo em posts diários por capítulo. Leiam com atenção.

Alguns conflitos entre a razão e a fé cristã

O que pretendemos nesse texto é analisar alguns pontos que julgamos mais importantes nas relações entre a fé e a razão. Por motivos práticos, nossos interesses gravitam em torno da fé religiosa e cristã, já que possui um papel tão importante em nossa cultura ocidental.

Segundo os religiosos, algumas coisas estão além do alcance da razão e só podem ser compreendidas através da fé. Nessa parte é que se encontram pontos específicos dos dogmas religiosos, os seus chamados artigos de fé. A ressurreição e consubstanciação de Cristo, entre outras coisas, são exemplos disso. Mas estariam esses artigos de fé em contradição com a razão?

Uma tentativa de conciliação

Sabe-se que durante a Idade Média, a idéia de que o Cristianismo significava a verdade era algo praticamente irrefutável. A questão para os filósofos medievais era saber se deveríamos simplesmente acreditar na revelação cristã, ou se também poderíamos nos aproximar ou justificar as verdades cristãs com uma ajuda de nossa razão. Em outras palavras, haveria ou não conflitos entre a fé e a razão?

Essa tentativa de conciliar a fé cristã e a razão, é um pano de fundo de todo pensamento medieval. A preocupação apologética com a defesa da fé cristã e seu trabalho de conversão dos não cristãos é uma constante na temática religiosa que é bem representada pela máxima: "Crer para compreender, e compreender para crer".

Toda a filosofia de São Tomás de Aquino (1225-1274), se reveste dessa intenção de harmonizar a fé com a razão e de explicá-la o tanto quanto possível de maneira racional. Para ele, as verdades da razão não contradizem as verdades da fé cristã. E se "é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural"(1979, cap 7, p 66). Pois seria um fato que esses princípios inatos à razão humana são absolutamente verdadeiros. Por outro lado, também seria inadmissível duvidar daquilo que cremos pela fé que Deus já confirmou de maneira tão evidente. E já que ambas as fontes de conhecimento são verdadeiras, é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios inatos da razão humana. No segundo livro de "Sobre o Gênese comentado ao pé da letra", Santo Agostinho afirma o mesmo ao dizer que ?Aquilo que a verdade descobrir não pode contrariar aos livros sagrados, quer do Antigo quer do Novo Testamento".

Portanto, Deus não pode infundir no homem uma fé que contrariasse os dados do conhecimento adquiridos pela razão natural. Aquino defende a tese de que apesar da palavra de Deus ultrapassar o entendimento, não será por isso que ela estará em contradição com ele. De todos esses pontos, ele conclui o seguinte: "quaisquer que sejam os argumentos que se aleguem contra a fé cristã, não procedem retamente dos princípios inatos à natureza e conhecidos por si mesmos. Por conseguinte, não possuem valor demonstrativo, não passando de razões de probabilidade ou sofismáticas. E não é difícil refutá-los".(ibid. Ibidem)

Tomás de Aquino não acreditava numa separação irreconciliável entre aquilo que nos diz a fé cristã, de um lado, e a razão de outro. No entanto, para ele a fé não está em pé de igualdade com a razão, mas está acima dela. E a primeira é mais necessária que a segunda, pois os homens precisam crer antes de raciocinar e, embora as verdades racionais sejam autônomas, buscá-las será principalmente uma questão de revelação. Portanto, na medida em que esses princípios religiosos podem receber um tratamento racional, podemos argumentar a favor dos mesmos. Quanto ao resto, deve ser somente objeto de revelação. Mesmo quando se peça ajuda à razão, será ainda a revelação que se firmará como critério último e definitivo de verdade no conhecimento.

Deste modo, pensam alguns teólogos, embora a crença em Deus se manifeste primeiro através da revelação, também é possível estabelecê-lo com base racional. Daí encontrarmos diversas tentativas a fim de provar essa crença. Trata-se da postura apologética que se instaurou com os escolásticos em nossa tradição ocidental, embora a fé transcenda a razão, é conveniente que o fiel se fortaleça da melhor maneira possível contra a dúvida.
# posted by Delerue @ 9:02:00 PM  ::  




sábado, junho 12, 2004


Um tal de Eder Moia... - um post mais pessoal

Hoje abri minha caixa postal e me deparei com um inusitado, porém posteriormente previsível, e-mail (se isso não é quase um paradoxo). Um tal de Eder Moia me dizia o seguinte:

Ei amigão, aqui é o crente que quer ser ateu mas não acha ninguém que lhe tire Deus do coração.
Publica esta minha charge no site e pede pros ateus comentarem,... se é que vc tem coragem.
Quando o homem abriu a ''porta'' da descoberta do radar, Deus já estava lá dentro porque Ele fez o morcego que voa no escuro sem bater em nada guiado pelo radar de Jeová!!!
Quem sabe os meus amigos ateus podem listar outras descobertas que quando abriram ''Deus já estava lá dentro''.

Atte
Eder Moia


Anexado a esse curioso texto, estava a seguinte charge (em bmp!):



Se alguém conseguir entender qualquer coisa do que esse sujeito disse/mostrou, por favor, avisem-me urgentemente.

Grande abraço do ateu cético sumido
Rafael Delerue
# posted by Delerue @ 3:02:00 PM  ::