Nos bastidores da fé

Blog de crítica ao teísmo, em defesa do racionalismo e da ciência. Pretende abordar assuntos sob o tema "deus" e suas idiossincrasias.


 : Links

 : Bloggers

Delerue
rdelerue *arroba* uol.com.br
UIN 8856836


Mente Volvente
melobyte *arroba* hotmail.com
UIN 168757379

 : Arquivos

 : Greetings


This page is powered by Blogger. Isn't yours?


annotations for your site

terça-feira, agosto 31, 2004


Achei um texto muito bacaninha sobre o ateísmo - escrito por uma mulher! O que acham?

http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=136
# posted by Delerue @ 12:43:00 AM  ::  




sábado, agosto 21, 2004


Infelizmente a entrevista termina aqui. Quanto ao fato dele se dizer agnóstico, bem, ninguém é perfeito. :)


Veja - Alguns cientistas tentam entender o poder da fé e das orações na cura de doenças. O que o senhor acha desses estudos?
Shermer - Eles são falhos por três razões primárias. A primeira: não há como comprovar cientificamente se as pessoas estudadas têm fé ou se estão rezando. Elas dizem que têm, e ponto final. Segunda: muitos desses estudos não avaliam variáveis importantes como idade, sexo, situação socioeconômica, condições físicas, fatores que poderiam contribuir para outros resultados. E, por último, a maioria dos resultados de um estudo desses não pode ser repetida. As variáveis de análise são tão subjetivas que um estudo jamais terá o resultado semelhante ao de outro. Ou seja, essas pesquisas não são nem um pouco confiáveis.

Veja - Por que uma das mais populares práticas místicas gira em torno de pessoas que se propõem a conversar com os mortos ou realizar curas com a ajuda deles?
Shermer - Porque a morte é um problema crucial para o homem. Todos nós queremos acreditar que depois dela continuaremos a existir, seja na forma que for. Os médiuns que convencem as pessoas de sua capacidade de falar com os mortos validam as crenças de que de fato há vida após a morte. Também oferecem um alento em meio à tristeza da perda de uma pessoa amada. É confortante crer que o falecido está em um lugar acessível com a ajuda da mediunidade.

Veja - O fato de ajudar as pessoas a superar a dor da perda não valida essas práticas?
Shermer - Aqueles que exploram a dita mediunidade não estão ajudando ninguém. São oportunistas que se aproveitam da emoção de pessoas fragilizadas. A melhor forma de superar a morte é encará-la de cabeça erguida. A morte é uma parte da vida, e fingir que o morto pode falar em estúdios de TV ou salas escuras por intermédio de pessoas que cobram por seus serviços é um insulto à inteligência dos que estão vivos.

Veja - O senhor acha possível acreditar no sobrenatural e ao mesmo tempo estar a salvo de charlatães?
Shermer - O problema de acreditar em superstições é que a maioria das pessoas que crê em uma delas acredita também em todas as outras. As crendices estão fortemente relacionadas. Se você abandona a capacidade crítica de pensar cientificamente, pode acreditar em absolutamente tudo.

Veja - Mas há pessoas que acreditam em astrologia e também na teoria da evolução proposta por Charles Darwin.
Shermer - A maioria das pessoas tem um modo de raciocínio em que mantém as crenças de forma isolada. Seria como se o cérebro fosse composto de uma série de compartimentos a vácuo, com cada uma dessas coisas guardada de maneira a não se misturar.

Veja - O senhor acha que as pessoas que acreditam em coisas estranhas são propensas ao fanatismo religioso?
Shermer - Não acho que seja assim. As pessoas crédulas acreditam em muitas coisas, isso para não dizer que crêem em qualquer coisa. Para ser fanático é preciso uma crença fortíssima em uma única coisa.

Veja - O que o senhor diz a uma pessoa que acredita em vida após a morte quando ela lhe pergunta se isso é verdade?
Shermer - Nós temos a obrigação de falar a verdade em todas as ocasiões, a todas as pessoas, sejam elas adultos ou crianças. Não há nenhuma evidência de que exista de fato vida após a morte. A questão é falar isso de uma forma amigável e ponderada e mostrar que é possível levar a vida em plenitude. Elas irão entender que não há grandes problemas em ser cético.

Veja - O que levou o senhor a se envolver numa cruzada contra as crendices?
Shermer - É simples. Eu sou um homem que acredita na ciência. Meu sonho é ver nossa espécie sobreviver a nossas limitações e sair deste planeta, procurar outras estrelas parecidas com o Sol e partir para outras galáxias. O obscurantismo limita nossa capacidade de ousar e de superar nossas limitações. Sem a ciência não existe crescimento cultural ou material de uma sociedade.

Veja - O senhor tem algum tipo de crença religiosa?
Shermer - Eu me defino como um agnóstico, uma pessoa que acredita naquilo que pode ser comprovado. Citando o biólogo Thomas Huxley, parceiro de Darwin e pai do agnosticismo, sou daqueles que acreditam em Deus como um problema insolúvel.

# posted by Delerue @ 2:32:00 AM  ::  




sexta-feira, agosto 20, 2004


Continuando a entrevista do tio Shermer...


Veja - O que o senhor pensa de quem acredita em duendes e bruxas?
Shermer - Adultos crêem nisso pela mesma razão por que acreditam no feng shui. O ser humano é um bicho que se senta em torno da fogueira e conta histórias. E com isso adquire experiência para enfrentar o mundo. É assim desde os tempos das cavernas. Ocorre que, com a diversidade de culturas, os povos fazem isso numa miríade de formas, chamando as forças animistas de diferentes nomes. Duendes e bruxas são dois entre milhares deles. O que importa é que por baixo de todos esses nomes está a crença nas superstições e a necessidade de explicar o mundo de forma mágica.

Veja - Como o senhor justifica a vantagem do pensamento científico sobre o obscurantismo?
Shermer - A ciência é o único campo do conhecimento humano com característica progressista. Não digo isso tomando o termo progresso como uma coisa boa, mas sim como um fato. O mesmo não ocorre na arte, por exemplo. Os artistas não melhoram o estilo de seus antecessores, eles simplesmente o mudam. Na religião, padres, rabinos e pastores não pretendem melhorar as pregações de seus mestres. Eles as imitam, interpretam e repetem aos discípulos. Astrólogos, médiuns e místicos não corrigem os erros de seus predecessores, eles os perpetuam. A ciência, não. Tem características de autocorreção que operam como a seleção natural. Para avançar, a ciência se livra dos erros e teorias obsoletas com enorme facilidade. Como a natureza, é capaz de preservar os ganhos e erradicar os erros para continuar a existir.

Veja - Acreditar em superstições é um comportamento de risco?
Shermer - A maior parte das pessoas pensa que acreditar em espíritos ou telepatia é inofensivo. Não é. Por uma razão simples: quem acredita em coisas para as quais não existe nenhuma evidência pode acreditar em tudo. Da mesma forma que o consumo de maconha pode levar à heroína, crenças simplórias em fantasmas e discos voadores podem levar a outras mais perigosas.

Veja - Como é possível separar o que é ciência do que é pseudociência?
Shermer - É uma tarefa complexa. Eu adoto um modelo para definir, de um lado, a ciência consagrada e, de outro, a pseudociência. Entre ambas há uma zona cinza, fronteiriça. Nessa região ficam linhas de pesquisas feitas por profissionais sérios, perscrutadas por publicações científicas de prestígio, mas que têm objetos de estudo um tanto quanto exóticos. Podem, de um momento para outro, cair tanto para o lado da ciência quanto para o da crendice. Na área cinzenta estão a busca de vida fora da Terra, a acupuntura e teorias econômicas, como o socialismo. Na área da não-ciência estão a astrologia, a negação do holocausto e a ufologia.

Veja - A exploração de crendices é um grande negócio. O senhor tem como avaliar o dinheiro que isso movimenta?
Shermer - Ninguém sabe exatamente quanto se movimenta nesse mercado que envolve milhares de formas de ganhar dinheiro. Só os medicamentos alternativos rendem dezenas de bilhões de dólares por ano. Assim, se considerarmos todas as categorias juntas, eu calcularia o lucro da pseudociência em 1 trilhão de dólares por ano. Temos de lembrar ainda que essa fonte de ganho se torna ainda mais tentadora quando se trata de religiões e seitas isentas de impostos.

Veja - Por que esse é um negócio para o qual parece não existir fronteiras?
Shermer - As pessoas gostam de acreditar que as coisas não acontecem por si mesmas, mas por alguma razão ou motivo. Uma pesquisa mostra que um dos motivos de as pessoas acreditarem em Deus é o fato de que o mundo é tão bonito e o universo segue mecanismos tão delicados que seria impossível não existir um criador para tudo isso. Esse é, de certa forma, um pensamento baseado em conhecimento científico, nas relações de causa e efeito. Precisamos levar em conta que nem sempre há motivos ou explicações para tudo o que queremos.
# posted by Delerue @ 1:18:00 AM  ::  




quinta-feira, agosto 19, 2004


Com vocês, uma entrevista com Michael Shermer, o ídolo cético.

Obs.: vou ´parcelar` a entrevista, já que é muito extensa.

O risco da crendice

Diretor de ONG americana que combate as superstições diz que vivemos uma era de irracionalismo e que acreditar em tudo pode ser perigoso

O psicólogo americano Michael Shermer dedica-se há nove anos ao que considera uma cruzada: em defesa do pensamento científico, ele combate superstições, crendices e mitos. Suas armas são palestras que faz pelos Estados Unidos, cursos no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), participações em programas de televisão e de rádio e sete livros sobre o assunto. O último deles, Fronteiras da Ciência: onde o que Faz e o que Não Faz Sentido Se Encontram, foi lançado no ano passado nos Estados Unidos. Shermer é diretor da Sociedade dos Céticos, uma espécie de ONG que tem entre os simpatizantes cientistas do calibre do paleontólogo Stephen Jay Gould, um dos principais escritores de divulgação científica do mundo. Colunista da revista Scientific American, ele mantém um site na internet dedicado a desmascarar charlatães. Quando não está debatendo com crédulos de todos os matizes ou escrevendo livros, Shermer se dedica a outras tarefas não menos desgastantes. É apaixonado por corridas e enduros de bicicleta e participante assíduo de competições como a Race Across America, que cruza os Estados Unidos de ponta a ponta.

Veja - Por que o senhor afirma que estamos vivendo um momento de irracionalismo?
Shermer - Nós somos menos crédulos e supersticiosos do que eram as pessoas há 500 anos. A história é outra se compararmos com 25 anos atrás. O irracionalismo só tem aumentado. Pesquisas mostram que cada vez mais se acredita em astrologia, experiências extra-sensoriais, bruxas, alienígenas e discos voadores, na existência da Atlântida. Há uma lista enorme de coisas absurdas. O espantoso é que não são apenas os lunáticos que crêem nessas coisas. Muita gente com bom nível de educação também cai nessa. São crenças pegajosas, que se fixam de forma muito mais forte do que podemos imaginar.

Veja - Por que isso acontece?
Shermer - O irracionalismo tem aumentado principalmente por culpa da comunicação de massa e da internet. As pessoas que vivem da exploração dessas crenças são hábeis na exploração desses recursos. Usam técnicas de vendas como telemarketing, anúncios e promoções. As religiões tradicionais vêm perdendo muito espaço nos últimos anos, o que tem deixado um campo aberto para crenças alternativas como paranormalidade e cultos da nova era.

Veja - Não é paradoxal que isso aconteça no momento em que o conhecimento e a ciência sejam tão difundidos?
Shermer - A explicação é simples. As pessoas procuram crenças que as consolem, coisa que a ciência não faz. É mais fácil acreditar em crendices e superstições que na ciência. As pessoas querem respostas para questões de cunho moral, que a ciência não tem como responder. Nós não devemos esquecer que todos os seres humanos, entre eles os cientistas e os céticos, querem ter uma vida melhor. Sob esse ponto de vista, é difícil resistir ao canto de sereia do misticismo.

Veja - O que o senhor acha do enorme sucesso no Ocidente de orientalismos como o feng shui, a doutrina chinesa que propõe o uso da decoração e da arquitetura para reequilibrar a energia das pessoas?
Shermer - As pessoas estão tentando dar sentido às coisas a sua volta. Querem botar ordem num caos que não conseguem compreender. Coisa parecida acontece entre as tribos animistas da Amazônia. Os índios crêem que o mundo está repleto de espíritos e forças que ajudam a arrumar esse caos e tratam de invocá-los como podem. É claro que os brasileiros que vivem nas grandes cidades não levam a sério o animismo dos ianomâmis e provavelmente ririam dos pajés se os vissem tentando arrancar os encantamentos e os espíritos que eles acreditam ser a causa das doenças. Na verdade, essas crenças dos povos primitivos têm tanto fundamento científico quanto as bobagens oferecidas pelos pajés do feng shui.

Veja - O senhor poderia enumerar algumas dessas crenças que foram moda nos últimos anos e logo depois abandonadas como charlatanices?
Shermer - Todos se lembram dos famosos biorritmos, aquela história de que era possível usar os ciclos do corpo que se repetem em ritmos regulares para traçar previsões sobre a carreira, a vida amorosa e o futuro financeiro de uma pessoa. Muita gente ganhou fortunas com isso e hoje ninguém mais toca no assunto. Outra bobagem foi o Triângulo das Bermudas. Dizia-se que era um lugar onde navios e aviões desapareciam misteriosamente. Há ainda o poder das pirâmides, que se acreditava capaz de conservar comida, afiar facas e até aumentar a potência sexual. É bobagem pura, que ninguém mais leva em consideração. Há também as cirurgias psíquicas nas Filipinas e na América do Sul, mas já são menos freqüentes. Foram desmoralizadas depois que mágicos demonstraram a facilidade com que se produzem os truques ditos paranormais.

Continua...
# posted by Delerue @ 12:04:00 AM  ::  




sexta-feira, agosto 13, 2004


Esse texto é quase muito bom. Merece um respeito. :)

IMPERFEIÇÃO DIVINA
César Medeiros (*)

Os cristãos pensam que existe um deus que fez o mundo e o universo. É mentira, mas vamos supor que seja verdade.

Esse mundo que o deus inventado pelos cristãos fez é tido como um mundo perfeito porque o deus que o fez é perfeito e de um ser perfeito não pode vir nenhuma imperfição.

Então vamos ver como é esse mundo perfeito no qual o deus cristão, inventado por bárbaros séculos atrás, colocou suas ridículas criaturas.

No mundo dito perfeito, as criaturas vivas devem comer outra criaturas vivas para conseguirem sobreviver. É um morticínio global. O ser vivo precisa que outro ser vivo morra para que ele continue vivo. Isso é chamado de perfeição divina.

Todo alimento ingerido pelas criaturas perfeitas transforma-se em podridão, em excremento, seja ele um prato de caviar ou uma cocada preta da mãe joana.

Assim, dentro do perfeito organismo humano divinamente projetado, viajam ininterruptamente quilômetros e quilômetros de matéria nojenta, fezes e urina, desde a hora do nascimento até a hora da morte.

De tão venenosamente perfeitos esses excrementos podres e contaminados não podem ser tocados, sob pena de matar quem assim o fizer. O deus cristão acho que tudo isso era bom e assim está até hoje.

Em meio a toda essa perfeição, diariamente milhares e milhares de pessoas morrem, de uma morte perfeita. São crianças que sofrem de leucemia, velhos que vêem o próprio corpo ser consumido lentamente por doenças fatais, mulheres que morrem de parto, indivíduos infartados, vítimas de derrames cerebrais, etc.

Em sua obra dita perfeita o deus cristão também criou secas, enchentes, terremotos, maremotos, avalanches, erupções vulcânicas, raios, tufões, tornados, furacões, tempestados e todo tipo de catástrofe que matam milhares dos seus filhos todos os anos.

Esse deus parece se divertir lançando sobre suas criaturas epidemias fatais, novos vírus, bactérias super resistentes, doenças incuráveis, desastres nunca imaginados.

Para os que nele crêem tudo isso é um presente e deve ser visto com alegria, pois tanto o universo como tudo que nele acontece é a demonstração da pura perfeição do deus que o criou.

Parece que esse teatro de horror aconteceu quando nossos primeiros ancestrais se corromperam comendo uma fruta proibida. Graças a esse gesto tresloucado o resto da humaidade, que não havia nem nascido, foi condenada se julgamento ao sofrimento eterno. Condenação antecipada sem a menor chance de escapar. É como fazer alguém ser julgado e condenado enquanto ainda está na barriga da sua mãe.

Um inocente pagando por um pecador. O máximo da perfeição desse deus que é só perdão. Julgamento prévio antes mesmo do crime haver sido cometido. Só um deus infinitamente perfeito é capaz de tamanho gesto de amor.

Então, depois desse desastre, e já que agora não era mais perfeito, o ser humano conformou-se e encarou a dura realidade, assumindo um novo papel. Tornou-se o único produto a pedir desculpas ao fabricante por um erro de fábrica.

Todos os seres humanos agora estão condenados a passar a vida inteira de desdobrando em desculpas e implorando misericórdia inutilmente a esse deus tão bonzinho, numa vã tentativa de escapar do castigo que lhe foi imposto antes mesmo de haverem chegado a esse mundo tão estranhamente perfeito.

Esse pequeno erro de fábrica cometido por deus ao invés de levá-lo a trabalhar na correção do produto, o deixou enlouquecido de cólera. A partir daí, numa explosão de ódio contra os pobres seres que o criou, ele destilou sua cólera divina e fez com que o sofrimento tomasse conta do planeta. Punir, punir e punir. Essa era a ordem. Punir a todos, sem exceção. Homens, mulhers, crianças, recém-nascidos, fetos, embriões, animais e plantas.

Submisso, sem ter saída, ao ter que aceitar a punição divina pelo crime hediondo cometido por um antepassado seu que comeu o que não devia, o ser humano se humilhou ao seu bom deus e declarou-se o mais miserável de todos os seres, merecedor de nada menos do que a punição eterna inventada pelo seu criativo pai. Mas que pecado é tão grande assim a ponto de condenar o pecador eternamente? Só a mente de um deus perfeito pode conceber tamanha monstruosidade.

Como se tudo isso não bastasse, esse deus insano exige que sejamos justos, bons e cheios de amor, em retribuição ao sofrimento que ele nos inflige. Mal sabe ele, na sua infinita egocentricidade, que está pedindo o impossível. Não podemos comandar nosso cérebro para que amemos quem nos odeia e deseja nosso mal.

Indiferente a tudo isso, o bom deus cristão não só ordena que amemos nossos inimigos, mas quer também que odiemos nossa família para então atingirmos o grau de pureza necessário que nos leve para perto dele, no céu cristão. Exige esse deus tão criativo que perdoemos a quem nos agredir, a quem tentar nos matar, a quem fizer mal a qualquer um dos nosso entes queridos, a quem espancar uma de nossas faces, nos humilhar ou caluniar.

E o que é pior, manda que ao sermos espancados por alguém numa das faces, viremos a outra para que ela também seja espancada. Os humanos costumam chamar esse ato de masoquismo. Nada mais é do que o triunfo do mal, a vitória dos violentos, a aceitação da covardia e a negação do legítimo direito de auto-defesa. Fazendo tudo isso o ser humano estará no verdadeiro caminho da perfeição.

Como ninguém consegue ser tão estúpido assim a ponto de se deixar espancar e ainda achar bom, tudo indica que todos os seres humanos, inclusive os cristãos, irão todos para o inferno que deus criou só para puni-los. Foi assim que o deus criador do universo fez, infelizmente para seus seguidores. Nenhum desses pobres coitados, por mais que tentem a vida toda, jamais conseguirão perdoar aqueles aos quais odeiam.

Mas se perdoar é tão fácil assim e deus é só amor e perdão, fica então a pergunta: por que então ele não dá o bom exemplo e perdoa a todos nós, mandando-nos para o céu? Inocentes e culpados? Não é bem mais fácil para um deus perdoar suas criaturas do que exigir que suas desgraçadas criaturas perdoem seus inimigos e ainda achem bom serem maltratadas, numa atitude totalmente contrária à natureza que ele mesmo colocou nas mesmas?

Toda essa história ridícula de perfeição divina está contada na Bíblia, o livro mais mentiroso e contraditório que jamais foi escrito. E os cristãos a repetem, feito papagaios. Jogam a lógica na lata do lixo e fingem que irão para o céu depois de serem odiados, espancados, vilipendiados, humilhados e maltratados pelos inimigos a quem fingem amar. Esse é o resultado da perfeição divina.

Uma pergunta precisa ser respondida pelos cristãos: como um deus perfeito que é só amor pode fabricar criaturas a quem costuma chamar de filhos com o único propósito de mandá-las para o inferno?

(*) Jornalista
# posted by Delerue @ 11:29:00 PM  ::  




quarta-feira, agosto 11, 2004


# posted by Delerue @ 11:19:00 AM  ::